Morfossintaxe

10/11/2018

A Morfossintaxe é a análise feita às orações em termos morfológicos e em termos sintáticos. Recorde-se que:

  • A análise morfológica analisa as palavras de uma oração individualmente, ou seja, independentemente da sua ligação com as outras palavras.
  • A análise sintática, por sua vez, analisa conjuntamente a relação das palavras de uma oração, ou seja, a função que as palavras desempenham na sua formação.

Análise Morfológica

Analisa, individualmente, as classes de palavras, que são: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.

Exemplo: Utilizamos a água sem desperdício.

  • Utilizamos - 1.ª pessoa do plural do verbo utilizar, conjugado no presente do indicativo, voz ativa
  • a - artigo definido
  • água - substantivo comum
  • sem - preposição essencial
  • desperdício - substantivo abstrato


Análise Sintática

Estuda a função e a ligação dos termos da oração. Esses termos são: sujeito, predicado, complemento verbal, complemento nominal, agente da passiva, adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto.

Exemplo: Utilizamos água sem desperdício.

  • (Nós) - sujeito oculto
  • Utilizamos - verbo transitivo direto e indireto
  • a água - objeto direto. Água é o núcleo do objeto
  • sem desperdício - adjunto adverbial


Análise Morfossintática


Analise morfológica e sintática das palavras em negrito abaixo:

a) A felicidade está nas coisas mais simples da vida.
b) O aparelho tem três anos de garantia.
c) Quando será a festa? 


a) Análise morfológica: felicidade - substantivo abstrato; simples - adjetivo.
Análise sintática: felicidade - núcleo do sujeito (o sujeito é "A felicidade"); simples - predicativo do objeto.

b) Análise morfológica: três - numeral cardinal.
Análise sintática: três - núcleo objeto direto (o objeto é "três anos").

c) Análise morfológica: quando - advérbio de tempo.
Análise sintática: quando - adjunto adverbial de tempo.



Classes Morfológicas

De maneira geral, a morfologia estuda a origem, as derivações e as flexões das palavras, expressas, na língua portuguesa, por dez classes morfológicas ou gramaticais de acordo com a função de cada.

Elas são classificadas em:

  • palavras variáveis: substantivo, adjetivo, pronome, numeral, artigo e verbo. Elas podem variar em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (aumentativo e diminutivo)
  • palavras invariáveis: preposição, conjunção, interjeição e advérbio.

Substantivos: nomeiam os seres em geral sendo classificados em substantivos: simples, composto, concreto, abstrato, primitivo, derivado, coletivo, comum e próprio.

Adjetivos: atribuem qualidades e estados aos seres sendo classificados em adjetivos: simples, composto, primitivo e derivado.

Pronomes: acompanham os substantivos de maneira que podem substituí-los; são classificados em pronomes: pessoais (caso reto e caso oblíquo), possessivos, demonstrativos, tratamento, indefinidos, relativos, interrogativos.

Numerais: determinam a quantidade de tudo que existe sendo classificados em: cardinais, ordinais, fracionários, coletivos e multiplicativos.

Artigos: determinam o número e o gênero das palavras sendo classificados em artigo definido e indefinido.

Verbos: indicam ações, estado ou fenômeno sendo classificados em verbos regulares e irregulares.

Preposições: conectam dois termos da oração por meio de uma relação de subordinação. Dessa maneira, conforme a circunstância estabelecida, são classificadas em preposição: lugar, modo, tempo, distância, causa, instrumento e finalidade.

Conjunções: conectam dois termos semelhantes gramaticalmente, sendo classificados em: conjunção coordenativa (aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas); e conjunção subordinativa (integrantes, causais, comparativas, concessivas, condicionais, conformativas, consecutivas, temporais, finais e proporcionais).

Interjeições: indicam emoções, sentimentos, sensações e estado de espírito sendo classificadas em interjeições de: advertência, saudação, ajuda, afugentamento, alegria, tristeza, medo, alívio, animação, aprovação, desaprovação, concordância, desejo, desculpa, dúvida, espanto, contrariedade.

Advérbios: modificam um verbo, um adjetivo ou outro advérbio sendo classificados de acordo com a circunstância que expressam: modo, intensidade, lugar, tempo, negação, afirmação, dúvida.

Note que a morfologia é um termo utilizado em outras áreas por exemplo, na biologia (morfologia vegetal, morfologia animal, etc.), geologia (estudo das formas de relevo), dentre outras.



Morfemas e suas divisões

Os elementos mórficos de uma palavra dividem-se em: raiz, radical, tema, afixos, desinências e vogal temática. Vejamos cada um mais a fundo:

Raiz - A raiz cumpre a função literal de seu nome, ela serve como base para a formação de diversas palavras, pois contém o núcleo significativo das mesmas. Mesmo com a mudança do radical percebe-se a semelhança entre palavras de uma mesma família por causa de seu significado.

Em sua "Novíssima Gramática da Língua Portuguesa", Cegalla cita o exemplo da raiz noc, que possui a significação geral de "causar dano". Assim, se prendem a ela, pela origem comum, as palavras "nocivo", "nocividade", "inocentar", etc.

Radical - Radical é a parte que se repete em quase todas as palavras de uma mesma família, age como segmento lexical de uma palavra.

Exemplos: CERT-o, CERT-eza, in-CERT-eza, a-PEDR-ejar, etc.

Tema - Ao juntarmos a vogal temática ao radical temos, então, a composição do tema da palavra.

De acordo com o gramático Cegalla, nos verbos o tema se obtém destacando-se o -r do infinitivo. Exemplos: CANTA-r, BATE-r, etc.

Afixos - Os afixos vêm do processo de formação da palavra. Se ela recebe uma partícula em seu início, meio ou fim, trata-se então de um afixo que pode possuir diferentes nomenclaturas. São elas: Prefixo (antes da palavra), Sufixo (depois da palavra), Infixo (no meio da palavra).

Exemplos: contradizer, ricaço.

Desinências - A função da desinência é designar as variações de número, tempo e modo para verbos; e, para nomes, as variações de número e gênero.

Exemplos: menin-o, menino-s, am-o, ama-mos, etc.

Vogal Temática - A vogal temática é o elemento que se junta ao radical e forma o tema de nomes e verbos. Nos verbos distinguem-se três vogais temáticas: a (andar, amar, saltar), e (bater, entender, saber), i (sair, partir, unir).


Morfema Zero

O que é?

Morfema Zero é quando a palavra não possui uma letra para indicar a flexão, que no caso, é representada por outros recursos.
Por exemplo: Mar
Nessa palavra, há morfema zero. Isso porque não há nenhuma desinência que indique o singular.
Como assim?
Sabemos que é singular, porque em português, o morfema que indica plural é "s" . Logo, a ausência dele, o que chamamos de "morfema zero" indica o singular.
O morfema zero é indivisível em unidades menores de significado. 


Alomorfia

De acordo com o dicionário, alomorfia significa 'passagem de uma forma para outra diferente, metamorfose'. Sendo assim, quando há alomorfia existe uma mudança apenas na forma, porém conserva-se função e significado daquele fonema. A alomorfia é a mudança na forma de um morfema.

Para entendermos melhor, vejamos as ocorrências do prefixo IN-: infeliz, incomum, indubitável, inconstante, etc. Percebemos que em todos os casos o fonema tem a mesma função, a de negar o significado da palavra que vem em seguida a ele. Acontece, porém, que também temos as palavras imoral, ilegal, ilícito, irrepreensível, às quais é acrescido o prefixo I-, que tem exatamente o mesmo significado que IN. Não é coincidência. Neste caso, o prefixo IN sofreu uma alomorfia, uma mudança de forma, e pode ser identificado através de dois ALOMORFES: IN e I.

Alomorfes são, portanto, as diferentes formas que um mesmo morfema pode adquirir ao sofrer o processo de alomorfia. Esta mobilidade, este processo de mutação constante na língua ocorre por conta de uma das suas principais características: o dinamismo da língua. Como ela não é parada, estática, vemos muitas mudanças ocorrerem todos os dias, cada vez que alguém cria uma palavra ou expressão nova, ou cada vez que utiliza de maneira inusitada aquela palavra comum, à qual todos já estão acostumados.

Esse processo não é novo e nem exclusivo dos morfemas. Assim como acontece na MORFOLOGIA, também acontece na FONOLOGIA, um processo idêntico, porém envolvendo os sons das palavras, os FONEMAS. Quando um mesmo fonema aparece com dois sons diferentes, dizemos que ele sofreu uma ALOFONIA, e cada um dos sons que ele assume é, pois, chamado de ALOFONE.


Desinências verbais e nominais


Existem vários tipos de morfemas na língua portuguesa, e um deles é a DESINÊNCIA. Este morfema é responsável por designar algumas características na palavra, e quando é adicionado a ela, ao contrário do afixo, não forma uma nova palavra, mas apenas faz a flexão da palavra de origem.

Exemplo 1:

  • cantar + mos (desinência número pessoal) = cantamos (verbo cantar, na primeira pessoa do plural)

OBS: No caso acima, a desinência está indicando a pessoa e o número do verbo cantar, ou seja, está servindo para flexioná-lo, mas não forma uma nova palavra.

Exemplo 2:

  • mal + es (desinência de número) = males (palavra mal, no plural)

OBS: Já neste exemplo, a desinência está indicando o número da palavra mal, dizemos que está flexionada no plural. Da mesma forma do exemplo anterior, não forma uma nova palavra, apenas flexiona a palavra de origem.

Explicando melhor, as desinências podem ser classificadas em:


DESINÊNCIAS NOMINAIS

São morfemas adicionados aos nomes, ou seja, substantivos e adjetivos, e servem para indicar as flexões nominais de gênero e número.

1. Desinência de Número - indicam o singular ou o plural dos nomes.

Exemplos: mesa - mesas, carro - carros, pastel - pastéis, homem - homens

2. Desinência de Gênero - indicam o feminino ou o masculino dos nomes.

Exemplos: aluno - aluna, menino - menina, ancião - anciã, marquês - marquesa.

PALAVRAS INVARIÁVEIS

Só podemos falar em desinências nominais quando as palavras admitem flexão de gênero ou de número, quando isto não acontece não podemos dizer que tal palavra possui esta desinência.

Exemplos:

  1. Palavras que não variam no gênero: mesa, cadeira, cruz, igreja, papel, etc.
  2. Palavras que não variam no número: lápis, vírus, etc.

DESINÊNCIAS VERBAIS

São morfemas indicativos do modo e do tempo, ou do número e da pessoa, ou seja, podem ser:

1. Desinência Modo Temporal - são as desinências que indicam o modo e o tempo do verbo.

Exemplos:

  • falava (-va): desinência que indica o pretérito imperfeito do indicativo.
  • falasse (-sse): desinência que indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.
  • falaria (-ria): desinência que indica o futuro do pretérito do indicativo.

2. Desinência Número Pessoal - são as desinências que indicam o número e a pessoa do verbo.

Exemplos:

  • falamos (-mos): desinência que indica a primeira pessoa do plural.
  • falas (-s): desinência que indica a segunda pessoa do singular.
  • falam (-m): desinência que indica a terceira pessoa do plural.

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