Reflexão sobre os dias atuais a partir dos acontecimentos da segunda guerra mundial.

No dia 19 de maio de 1933, dezenas de milhares de livros foram queimados em Berlim na época da Alemanha nazista. Um dos maiores crimes cometidos contra a cultura de uma nação é destruir sua história, fazer com  que sua memória se torne faísca.

Queimar livros foi a forma de eliminar inimigos políticos, críticos sociais. O ato foi intitulado na época de: Ação contra o espírito não-alemão.

A Editora Armed Services Editions se especializou em publicações de livros adequados para os soldados que estavam em campo de guerra lutando contra Hitler, esses livros seriam menores e os soldados poderiam levá-los nos bolsos e lê-los onde quer que estivessem.

Oito anos antes da queina de livros, Hitler publicou o seu próprio livro intitulado Mein Kampf(Minha Luta), expressando suas ideias anticomunistas, racialistas e de extrema direita adaptadas pelo partido nazista.

Na época o livro de Hitler se tornará leitura obrigatória nas escolas alemãs. Claramente a luta do partido nazista não era feita apenas de armas de fogo, mas também era uma luta intelectual, a mais perigosa de todas.

Agora quero expor aqui ideias sobre filosofia e sociologia caminhando juntas.

Existe uma teoria marxista sobre o aparelho do estado, seu conceito é chamado de Aparelho ideológico do estado (AIE), o Filósofo Luís Althusser foi um estudioso nessa área.

Os Aparelhos Ideológicos do Estado são controlados por quem está no poder, e quem está no poder usa o aparelho do estado em seu benefício.

Mas vamos entender, antes de tudo, que existe uma diferença entre os Aparelhos Repressivos do Estado (ARE) e os Aparelhos Ideológicos do Estado(AIE).

Os ARE, na teoria marxista, compreende à polícia, o exército, os tribunais, prisões, etc. Repressivo por que funciona através da violência.

Já os AIE utilizam a ideologia para manter sua dominação. São integrantes dos AIE, dentre outros, o sistema de diferentes Igrejas, o sistema escolar (tanto público quanto privado), o sistema familiar, o sistema jurídico, o sistema político, o sistema sindical, o sistema de informação e o sistema cultural.

Agora voltemos a Alemanha nazista:

Hitler quis atingir as massa através do principal Aparelho Ideológico do Estado, aquele que tem mais influência na sociedade, porque está formando pensadores: a Escola.

A ideia era de que as crianças e adolescentes aprendessem a seguir as mesmas ideologias que ele tinha. Assim as próximas gerações seriam totalmente defensoras de suas ideias e princípios. Ou seja, além de subtrair certos conhecimento às pessoas, também sabia como internalizar ideologia nas mesmas.

Entre os livros queimados pelos nazistas a maioria das publicações eram dos críticos filosóficos, sociólogos, havia também livros políticos e de poesia.

Hitler sabia a importância da informação e do conhecimento, e também sabia o quanto isso poderia interferir em seu domínio nas massas.

Tentou fazer com que o conhecimento fosse barrado e que os sujeitos nunca pudessem se tornar agentes de ação e pessoas com pensamento crítico.

Hitler fez com que suas influências chegassem a todos através dos rádios, até para aqueles que não tinham condições de possuir o bem em casa. Ele abaixou o valor dos rádios para que todos conseguissem comprar, garantindo assim que a maioria da população alemã pudesse ouvi-lo.

Precisamos estar atentos à história do nosso país, mas também precisamos ter conhecimento não superficial da história do mundo, para refletirmos sobre todos esses Aparelhos Ideológicos do Estado que está ao nosso redor e nos controlando sem que nós percebamos.

História, Filosofia e Sociologia são importantes para que nos formem como agentes críticos capazes de mudar o mundo e fazer escolhas.

Eles têm mesmo de nós.

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